Vidas (des)encontradas: migração nordestina para São Paulo (2002-2016)
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Vidas (des)encontradas – migração nordestina para São Paulo (2002-2016)
O fato de estar aqui me fez um perdedor. Enquanto estive em São Paulo para pesquisar sobre algumas vidas, efetivamente, estive perdendo outros relatos. São tantas pessoas espalhadas por São Paulo, com migrantes nordestinos em diversas regiões, que, como eu, deixaram suas vidas penduradas em algum lugar dessa abstração chamada Nordeste. Porém, as histórias que tentei esmiuçar não estão esquecidas: elas vivem na memória dos migrantes e se reinventam todos os dias. Ao mesmo tempo que ocupei boa parte do meu tempo, ganhei em experiências, mesclando a minha com essas outras existências.
Dessa forma, minha pesquisa foi extremamente facilitada, porque os meus sujeitos de estudo eram fáceis de encontrar e, ao mesmo tempo, difíceis de acessar. Poucos gostam de falar de suas vindas e de suas vidas. Menos ainda de seus poucos retornos e, às vezes, dos muitos fracassos. Por isso, minha tarefa foi tentar uma forma amorosa de diálogo com eles e, de tudo que ouvi, o aspecto que mais se sobressaiu foi a tristeza, a saudade de algo que se perdeu em algum lugar do passado e em algum pedaço de chão – uma melancolia profunda e um sentimento de irreparabilidade. Aqueles tipos de angústias que antecedem o amor, ou o que Proust chama de “o risco da impossibilidade”. Vivem todos em São Paulo, nordestinos ou não, letrados ou não, tecnologizados ou não, repletos de ausências. Mas como afirma a escritora canadense Anne Michaels: “Não há ausência real se, pelo menos, a memória da ausência permanece […] Se alguém já não tem a terra, mas tem a memória da terra, então sempre se pode desenhar um mapa”(informação verbal).
É assim, desenhando esse mapa repleto de lacunas, que falo sobre esses (des)encontros de vidas em São Paulo entre os anos de 2002 e 2016. Anos que vivemos perigosa e maravilhosamente.
Especificação: Vidas (des)encontradas: migração nordestina para São Paulo (2002-2016)
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