Vereda: arte e psicanálise: reflexões pelas trilhas do cinema e da literatura
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Vereda: arte e psicanálise – reflexões pelas trilhas do cinema e da literatura
Hoje os analistas estão na mídia. Lisa França já estava nela há muito tempo. Antes de se envolver com as coisas da psicanálise. Difícil marketing, esse do psicanalista. Se vai para a mídia, corre o risco de distorção ao tentar ensinar ou transmitir a psicanálise. Se não for aonde o povo está, corre o risco do encastelamento, da torre de marfim, até que o esquecimento o recubra com seu manto, por mais tempo que tenha falado apenas para os seus pares , pregando no deserto, falando para as paredes, para os que já estão convertidos, tentando a abertura para o novo. Hoje, com o agravante da pandemia, que faz de cada um de nós um enjaulado – muito teríamos que aprender com o recolhimento forçado de há muito pelo fantasma do obsessivo -, as redes sociais suscitam o gravíssimo tema das fake news, questão de sobrevivência física, de vida ou de morte, decidida pelo estilo jornalístico, mais do que pelo discurso da ciência. É ele, o jornalista, sobretudo da mídia impressa, que nos traz o fio da navalha, andando na corda bamba por cima do abismo da indústria militar da mentira, nos tempos de pós-verdade, de quase-verdade, de irrelevância e impotência da verdade. Por incrível que pareça, jornalista, psicanalista e sofista são mais que meras aparências de estranhos fraternos, a tal ponto que Lacan chegou a dizer que a comunicação não existe (mas tem uma fórmula: o emissor recebe do receptor sua própria mensagem sob forma invertida), e de quebra sorriu dizendo que o psicanalista é a presença do sofista na nossa época, mas com outro estatuto.Um psicanalista diante de outro psicanalista deveria, de preferência, sorrir a se matarem. É com prazer que se lê o livro de Lisa França, passeando em revisita as conexões entre arte e psicanálise. A canção de Chico Buarque, o cinema de Mário Peixoto, o romance de Raduan Nassar, o romance de Juan Rulfo, a fala de Estamira, a grande psicótica brasileira, o gozo da maternidade como outro gozo, tema que “fascina” Lisa França, que mergulha na perversão, que fará desabrochar na obra de arte. E com a leveza do estilo jornalístico que não se deve menosprezar quando está em jogo o futuro da psicanálise. Parafraseando Deleuze, psicanalista-devir-jornalista?
Especificação: Vereda: arte e psicanálise: reflexões pelas trilhas do cinema e da literatura
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