Serenidade e fúria: o sublime assismachadiano
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Serenidade e fúria – o sublime assismachadiano
Este é um livro polêmico. Seu autor possivelmente não é de brigas, porém seu estudo veio para romper barreiras, questionar o que está assentado e indicar novidades na leitura extensiva e intensiva da obra de Machado de Assis. A análise minuciosa, sensível, inteligente e cheia de achados (insights) reafirma o fôlego inesgotável de Machado e a necessidade de as gerações mais novas encontrarem o escritor e enfrentá-lo a sério.
A partir de um sobrevoo pelo sublime romântico, primeira parte do estudo, em que as grandes e complexas questões da disseminação do sublime no romantismo, europeu e, em parte brasileiro, Ravel G. Paz estabelece os parâmetros da objetividade e da subjetividade na constituição do sujeito moderno que percorrem a obra de Machado. Trata-se de observar a permanência e a inovação machadianas dessas questões desde seus primeiros poemas (visto que Machado começa sua carreira de escritor como poeta).
Nesse quadro já começa um questionamento sólido e radical sobre as leituras estabelecidas, as quais costumam negar qualquer valor ou importância à poesia machadiana. Mas o autor demonstra a estrita consciência crítica e o projeto machadianos para alcançar sua inserção na tradição da poesia brasileira e ocidental, mesmo quando o resultado é ou parece ser canhestro e principiante. Diversos poemas do quase adolescente Machadinho (como o chamavam então) são examinados à luz daquela tradição e o leitor atual vê-se na condição difícil de ter de repensar seus lugares-comuns. Afinal, demonstra-se uma continuidade insuspeitada na obra machadiana. O “meninote” (com perdão da intimidade, que o Machado maduro jamais admitiria) já pensa grande e não está para pouca coisa. É importante destacar que, a partir dos primeiros poemas, a análise e interpretação elaboradas por Ravel G. Paz percorrem a obra machadiana, incluindo romances e contos, estabelecendo as linhas centrais presentes nessa obra, fundamentadas na tradição filosófica e literária. Recuperam-se o peso e as implicações do sublime, tal como apropriado, reinventado e posto em ação por Machado de Assis. E aí está a inesperada novidade dessa leitura. Machado sai dela enriquecido de novas dimensões, embora longe de perder o que sobre ele já foi dito.
As quatro partes que compõem este excepcional estudo: 1) O Sublime Romântico: Sobrevoo; 2) A Morte, as Musas e Outros Numes; 3) Alquimiarquiteturas Machadianas; 4) Corações e Máscaras; realizam, nas análises e interpretações postas ao alcance do leitor, uma façanha extraordinariamente bem sucedida de evidenciar a força da obra machadiana, enraizada na tradição, modificada, deslida e ironizada, e tornada moderna e de alcance nacional e universal. E o importante deste livro é que ele diz porque e como as coisas em Machado são o que são e como são. Trata-se, ao mesmo tempo, de um livro formativo, pedagógico, de tal maneira que nenhum leitor sai de sua leitura senão transformado, seja em si mesmo como sujeito seja na compreensão e entendimento da obra de Machado de Assis.
Valentim Facioli
Sobre o autor: Ravel Giordano Paz se formou em Letras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Em 1998, migrou temporariamente para o estado de São Paulo para fazer mestrado na Unicamp e depois doutorado na USP, sempre na área de Literatura. Posteriormente, Ravel se tornou professor na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Em 2009, publicou este livro, fruto de seu doutorado, e em 2012 organizou, com Fábio Akcelrud Durão, “A indústria radical: leituras de cinema como arte- inquietação”, ambos pela Nankin Editorial.
Especificação: Serenidade e fúria: o sublime assismachadiano
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