Regras para radicais: Guia prático para a luta social
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Regras para radicais – Guia prático para a luta social
Publicado pela primeira vez em 1971, Regras para radicais, do estadunidense Saul Alinsky, foi escrito em meio a efervescências políticas como a Guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis. A obra, que desde então virou referência na formação de ativistas, apresenta os princípios teóricos e políticos do movimento de organização das comunidades estadunidenses, em especial as urbanas. Como um guia político, Regras para radicais traz ideias e orientações para mudanças sociais a partir de construções coletivas, além de abordar os princípios organizativos e de formação de lideranças populares.
Na apresentação, Alessandra Orofino reflete sobre as mudanças da organização política daqueles anos para os dias atuais: “Sua crença era num tipo de organização comunitária que em muito difere do ativismo narcísico dos tempos atuais – aquele baseado em perfis mais do que em pessoas, e até na produtização da atividade política, que vira marca a ser apropriada, vendida ou alugada. As lideranças comunitárias defendidas por Alinsky não eram superestrelas, e sim organizadores, pessoas capazes de ajudar uma comunidade a encontrar a si mesma, a identificar seus interesses e recursos e se mover em uníssono em prol de um objetivo comum”.
Regras para radicais chega ao Brasil pela primeira vez e em meio a disputas jamais imaginadas por Alinsky, como a concentração de poder das big techs, a ascensão da extrema direita no mundo e novos debates sobre identidade e interseccionalidade. Para Áurea Carolina e Roberto Andrés, que assinam a orelha da obra, as táticas propostas pelo autor permanecem atuais: “Elas foram pensadas para que o lado mais frágil da sociedade seja capaz de vencer disputas contra aqueles com muito poder”.
Trechos
“Nós começamos com o sistema porque não há outro lugar para começar, a não ser a insanidade política. É sumamente importante que nós, os que queremos a mudança revolucionária, entendamos que revolução tem de ser precedida de reforma. Supor que uma revolução política possa sobreviver sem a base de apoio de uma reforma popular é pedir o impossível em termos de política.”
A vida parece carecer de sentido ou razão, ou mesmo da sombra de alguma ordem, a não ser que nos aproximemos dela com a chave dos inversos. Vendo tudo em sua dualidade, começamos a ter uma leve noção da direção a seguir e do que se trata. É nessas contradições e suas incessantes tensões interativas que começa a criatividade. Conforme começamos a aceitar o conceito de contradições, vemos cada problema ou questão em seu sentido total, inter-relacionado.”
Confrontado com a decadência materialista do status quo, ninguém deveria se surpreender ao descobrir que todos os movimentos revolucionários são gerados, em primeira linha, por valores espirituais e considerações de justiça, igualdade, paz e irmandade. A história é um retransmissor de revoluções; a tocha do idealismo é carregada pelo grupo revolucionário até esse grupo se converter em establishment, e então, discretamente, a tocha é posta de lado à espera de que um novo grupo revolucionário a pegue para a etapa seguinte da corrida. Dessa maneira, o ciclo revolucionário prossegue.”
O poder é a razão de ser das organizações. Quando pessoas concordam com certas ideias religiosas e querem poder para propagar sua fé, elas se organizam e chamam isso de igreja. Quando pessoas concordam com certas ideias políticas e querem poder para colocá-las em prática, elas se organizam e chamam isso de partido político. A mesma razão se aplica a tudo. Poder e organização são uma coisa só.
Especificação: Regras para radicais: Guia prático para a luta social
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