Pidgin:
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Pidgin –
pidgin. Fala resultante do contato entre línguas,
usada como língua de comunicação ou contato,
não sendo idioma materno de nenhum falante.
Língua de contato, feita do encontro, um pidgin nasce do desejo de comunicação, do amálgama entre o que não está nem cá nem lá (e que está cá e lá, soando junto). Ao lermos este Pidgin, de Gabriela Cordaro, misturamos nossas vozes a poemas que se apresentam ora como falas curtas, de grande força gravitacional, que nos convidam à decifração; ora como as reflexões de uma mulher olhando o mundo, o tempo e a si própria se metamorfoseando e acumulando idiomas diferentes: a menina, a amante, a mãe, a filha. A mãe novamente, a poeta.
As imagens do livro navegam entre formas que não se acomodam em sítios específicos, nem em conformações estanques: uma mosca volante, pequena e quase imperceptível pode nos conduzir, por exemplo, a uma mulher com sua filha, se transformando em uma gigante azulada que amamenta. Assim, os poemas não caminham necessariamente em linhas, mas nos pegam, inadvertidamente, em curvas – ou em uma cicatriz: “(…) olhei
para a marca dos meus partos / e pensei, insegura com meu corpo nu, / também sou uma cicatriz de cesárea, / não sou só uma cicatriz de cesárea”.
Verso a verso, a cada desvio de rota, o movimento espiralar do livro constrói um tempo aglomerado, no qual passado, futuro e presente se fusionam, precipitando-se na imagem de alguém que dança em Albaicín, nas linhas de uma mulher atravessada pelos partos, ou em uma caçadora em combate, o arco em riste, a flecha apontada em nossa direção.
Carla Kinzo
Escritora, dramaturga e atriz
FICHA TÉCNICA
Gênero Poesia
Páginas 72
Formato 130 x 200 mm
ISBN 978-65-86042-78-8
Especificação: Pidgin:
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