O cabeça de cuia:
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O cabeça de cuia –
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Em O Cabeça de Cuia, acompanhamos Crispim, enxergando o mundo pelos seus olhos, conhecendo os percalços de quem se encontra às margens da cidade e da vida. Crispim vive próximo à confluência dos rios Poty e Parnahyba, convivendo com as enchentes e as febres que assolam a região, com o abuso que a autoridade impõe àqueles que não têm para onde ir e com os próprios conflitos internos, que vêm e vão em frenesi.
Crispim não vê um modo de sair desse mundo estático, procurando, assim, alívio no ato de abandonar-se, entregando-se de todo ao nada. Dotado de uma narração contrapontística, O Cabeça de Cuia desenvolve a tragédia de maneira múltipla, numa polifonia de estilos e vozes que se perdem no labirinto simétrico do romance.
“Enterradas em seus lares encontram-se as pessoas que hão de reviver pela manhã, surgir no sol de setembro, ver ao longe o fogo infinito que arde na mata seca, andar na croa do rio, matar a sede com saliva; nos lares encontram-se, alguns, alguns estão longe perdidos, nos lares, nos lares encontram-se, no sol, no fogo, nos lares.”
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“Era madrugada, faltavam algumas horas para a aurora, o rio estava calmo e alguns pássaros observavam a paisagem sepultada. Ele chegou e ficou em pé na encosta”. Assim, O Cabeça de Cuia inicia-se; o relato da chegada é o fio condutor para a torrente que está a cair na cidade. Com uma disposição não-linear, a história se monta como um quebra-cabeças que se clarifica à medida que avançamos nas andanças de Crispim. Passamos por praças, bares, igrejas, cabarés, cadeias e rios, vendo a dinâmica opressiva — pelos olhos lúgubres e cansados da vida na cidade — e os flagelos que atingem Therezina até os dias atuais, desaguando num desfecho de tragédia e paranoia.
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Especificação: O cabeça de cuia:
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