No seio do rio: linhas que casam, que curam e que dançam. Parentesco e corporalidade entre os Mura do Igapó-Açu
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No seio do rio – linhas que casam, que curam e que dançam. Parentesco e corporalidade entre os Mura do Igapó-Açu
O trabalho de Fernando Augusto Fileno tem a capacidade de nos proporcionar uma leitura que é, ao mesmo tempo, precisa e poética. Assim, somos conduzidos em uma viagem na qual as palavras são as canoas que nos levam ao longo do fluxo textual como se estivéssemos navegando pelas águas Mura do Igapó-Açu.
Percebe-se que a forma narrativa é algo fundamental, tanto para o autor quanto para os Mura. A escrita decorre de uma confluência. De um lado a sensibilidade de Fileno e de outro o povo indígena Mura cuja percepção está presente desde a epígrafe com a fala de Seu Agostinho. O texto congrega-se, certamente, aos principais estudos sobre os povos Mura, em conjunto com as pesquisas realizadas por Marta Rosa Amoroso e trabalhos recentes como os de Márcia Mura.
Pelas linhas os Mura casam, dançam e curam. E também pelas linhas navegam e narram. As possibilidades de tais fluxos são imensas: por elas faz-se comércio, realiza-se rituais, comemora-se. E as linhas são também, e principalmente, as águas. O rio, as águas, o banho com o uso de elementos da cozinha. O banho que serve para tudo, sempre com a água que vem do rio. As águas são também os processos de constituição da pessoa Mura. O primeiro banho, os banhos curadores. O uso das panela, o uso das plantas, o uso dos temperos. E a constituição do coletivo em ciclos de mutualidade e reciprocidade, marcados também por conexões fluviais. Você que lê, sinta-se navegando. E descubra com os Mura que é possível conhecer quem chega apenas pelo som da remada.
Edmundo Peggion
Especificação: No seio do rio: linhas que casam, que curam e que dançam. Parentesco e corporalidade entre os Mura do Igapó-Açu
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