NETTO PERDE SUA ALMA:
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NETTO PERDE SUA ALMA:
Netto perde sua alma, não é a história de Antônio de Souza Netto. É uma ficção a seu respeito, uma invenção, um sonho – meu e de outros homens. (Tabajara Ruas) Em NETTO PERDE SUA ALMA, o cultuado escritor Tabajara Ruas acaba por recuperar uma época ao imaginar a vida do herói farroupilha – general Antonio de Souza Netto. Netto participou de todas as guerras de fronteira e das revoluções que tumultuaram a região sul do Brasil no século passado. Contudo, segundo o autor, as notas biográficas a seu respeito são “poucas e incompletas”, declara Ruas. É antes de tudo, uma ficção histórica sobre um tempo histórico. A história ganha alma na prosa de Tabajara Ruas, que, ao resgatar essa época, os longínquos idos de 1800, recupera igualmente personagens e, com eles, sentimentos e conflitos que são a essência humana. Ruas concede uma nova vida à personagens históricos já conhecidos como o próprio general Netto e o presidente monarquista Bento Gonçalves. Toda a narrativa do livro consiste em uma prosa direta, cristalina, tensa, cinematográfica e sinfônica. Existe ainda no texto um grande domínio do diálogo, uma verossimilhança, um acento corrente, uma dicção cotidiana depois de cada travessão. Há também um comedimento na utilização dos termos regionais, uma lealdade ao sotaque gaúcho sem caricatura, um realismo sem folclore nas falas dos personagens. Em NETTO PERDE SUA ALMA há mais do que diálogos. Múltiplas vozes monologam nas últimas horas do general Netto, por exemplo. Despertadas pela febre, se contradizem e se provocam. Tabajara Ruas demonstra ser um artesão da palavra, da escrita. Em prosa fluente que dispensa a rígida ordem cronológica dos acontecimentos, com regressões e progressões temporais bem elaboradas, e início e desfecho fascinantes. É um convite à reflexão sobre o passado e principalmente sobre as sutilezas da alma e da condição humanas frente a seu destino. O Netto criado pelo autor não é somente um homem rígido e cheio de regras, tem, também, seu lado afetivo e emocional, frágil e mulherengo. Ruas usa a perícia de seu artesanato também para inovar ou até criar imagens cuja leveza beira a perfeição, como ao comparar “livros caindo como assustadas galinhas de asas abertas”. Ruas soma a alma gaúcha, os temas, as figuras que povoaram a história do sul do país com uma técnica literária absolutamente moderna. Ruas se mostra um romancista habilidoso, que dosa cenas de alta voltagem dramática com um ceticismo maduro destilado ao longo das frases, frases que fazem desse romance um exercício de afirmação indiscutível. Em NETTO PERDE SUA ALMA o regional ergue a voz para o mundo todo, e de uma pequena região cresce o que seria relato restrito para a condição de obra de arte universal. Tabajara Ruas, gaúcho de Uruguaiana, é escritor, tradutor e roteirista de histórias em quadrinhos, televisão e cinema. Participou dos filmes Kilas, o mau da fita, Anahy de las misiones e O dia em que Dorival encarou a guarda. Publicou, em diversos jornais, o folhetim A segunda existência de Terry Lennox. Estudou arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Dinamarca. Exilado entre 1971 e 1981, Tabajara morou em diversos países: Chile, Argentina, Dinamarca e Portugal. Como escritor, colaborou com jornais e revistas brasileiros e em mais de uma dezena de especiais para a TV. Recebeu prêmios nos Festivais de Locarno, Biarritz e Lisboa. Atualmente trabalha como publicitário. Netto perde sua alma deu origem ao filme vencedor de 4 Kikitos no Festival de Gramado de 2001, entre eles o Prêmio Especial da Crítica e o de Melhor Filme pelo Júri Popular. “Tabajara Ruas… é um escritor com um sentido de épico nas pequenas coisas e de humano no épico, e é, acima de tudo, um belíssimo texto. Nesta excursão ao passado Tabajara vai atrás de um personagem fascinante e nos dá o privilégio de ir junto.” – Luis Fernando Veríssimo “Prosa direta, cristalina, tensa, cinematográfica e sinfônica.” – Zero Hora “O gênio de Tabajara Ruas não se acomoda à estreiteza do romance histórico tradicional.” – Jornal do Brasil “Prosa lírica e sóbria, que não busca, mas tampouco foge, da selvagem violência das batalhas.” – El País – Montevidéu “Ruas… usa a perícia de seu artesanato também para inovar ou até criar imagens cuja leveza beira a perfeição.” – Jornal da Tarde
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