Mulheres e costumes do Brasil:
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Mulheres e costumes do Brasil –
A tradução da obra de Charles Expilly Les femmes et les moeurs du Brésil, carece, por natureza, de duas palavras explicativas. Cuida-se de um livro propriamente escandaloso, para usar a expressão literária, em toda a sua extensão. Escandaloso pelo despeito do autor, que um dia veio de França com a sua esposa na intenção de fundar no Rio de Janeiro uma escola normal e, dissuadido por uma promessa irrealizada, acabou fabricante de fósforos. Escandaloso pelos conceitos emitidos em desfavor da nossa raça, dos nossos costumes, da vida íntima da família brasileira, que com tanto carinho o agasalhou e a quem ele nega hospitalidade. Escandaloso pelas duras verdades que contém, essas mesmas verdades cruas e desconcertantes que setenta anos depois haviam de ressurgir pela boca do Sr. Paulo Prado, desenhando a cores vivas o Retrato do Brasil. Escandaloso como um libelo tremendo contra a escravidão cujos martírios o autor denuncia, lança aos ares como sinistro apregoador de desgraças, exaltando, num hino dissonante, essa raça infeliz e oprimida donde saiu o peito ingênuo e fecundo que amamentou sua filha. “Comme ta mère, tu es née au Brésil et une esclave tá donné son lait”. Escandaloso afinal como celeiro informativo da nossa história, dos nossos dias passados, da nossa acidentada formação nacional, em meio de um estado de coisas que o próprio Expilly (e aí se estriba a sua defesa) fundamenta no trecho de um jornal da época, firmado de punho brasileiro, e insculpe matreiramente no pórtico do seu livro. Julgue o leitor esses capítulos com o espírito tranqüilo, desprendido de falsas patriotadas, dessas clássicas patriotadas que nos fazem, esquecidos de lavar a roupa de casa, estremecer de rancor se alguém de fora nos aponta as sujeiras. Aprecie com serenidade a alucinante marcha dos tempos. E veja se, graças a Deus, que é brasileiro, progredimos ou não, desde o dia 20 de abril de 1857. Como ficou dito, o único intuito dessa tradução reside no seu valor documentário. Bem ou mal considerado, o que apenas buscamos conservar, reproduzindo em vernáculo, é o material que reflete o nosso passado social e histórico, se bem que contemplado por uns olhos algumas vezes sensatos, outras vezes deformados por consciente estrabismo.
Especificação: Mulheres e costumes do Brasil:
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