Intelectuais e imprensa: aspectos de uma complexa relação
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Intelectuais e imprensa – aspectos de uma complexa relação
Este é um livro exemplar na atualização de um antigo e curioso debate: a contribuição da mídia escrita (jornais e revistas) para a formação e consolidação da cultura letrada no Brasil. Estamos falando do século 19, um mundo sem meios ou recursos eletrônicos de comunicação, onde e quando o debate cultural, político e literário se fazia pela escrita.
Num país com proporções alarmantes de população analfabeta e incapaz de ler (talvez algo como 90% a 95%) o suposto é de que o debate nos jornais e revistas só atingia um público mínimo, configurando assim uma “exclusão pré-histórica” num abismo entre a camada letrada e o resto…
Parece que não era geral a consciência dessa anomalia, tanto que foi bem pequeno – e quase circunstancial – o empenho dos letrados em favor da expansão do aparelho escolar. As letras eram privilégio de classe, fundado na perversidade da herança colonial, da violência escravista e da hegemonia da fração terratenente. A mesma literatura brasileira formava-se no interior desse quadro e também nele corriam os debates sobre a situação do país, de seus dilemas e suas perspectivas de futuro.
Porém, desde a chegada de D. João VI, abre-se um horizonte progressista, cuja evidência profundamente deformada não oculta, contudo, um avanço extraordinário que vai, aos poucos e lentamente, ganhando consistência e acumulando discussões, ideias, propostas, alternativas, ampliando o horizonte do país atrasado e periférico (ainda que tal vocabulário seja de agora, apenas).
A exemplaridade deste livro é que os ensaios de diferentes professores que o constituem – resultado do IX Seminário de Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, campus de Assis (SP) – fazem avançar um sólido conhecimento, através de pesquisas cuidadosas e originais, das fontes, origens e termos dos debates em que se empenhou a camada letrada do país, durante todo o 19 e parte do século 20.
Nesses ensaios estão perfil e substância do que fomos e, agora, século depois, mostram-se esclarecedores e esclarecidos para evidenciar os danos e os avanços da nossa formação, letrada principalmente, mas também do potencial que insemina matéria de futuro para o próprio país. A emancipação não se faz de um salto e este livro contribui para esse caminho longo e sinuoso.
Valentim Facioli
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Sobre os organizadores:
Alvaro Santos Simões Junior é graduado e possui mestrado e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e pós-doutorado pela Universidade de Lisboa (2011). Atualmente é professor assistente doutor II da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP). É autor de A sátira do Parnaso (2007), Estudos de literatura e imprensa (2015) e Bilac vivo (2017), todos publicados pela Editora UNESP, de São Paulo. Versões digitais dos dois últimos podem ser obtidas gratuitamente no site da editora. Editou crônicas de Olavo Bilac em Registro (Editora da Unicamp, 2012) e, em Sátiras (CLEPUL; Editora da UNESP, 2018), poemas do mesmo autor.
Luiz Roberto Cairo possui graduação em Letras Vernáculas com Estrangeira (Alemão) pela Universidade Federal da Bahia, onde também se graduou em Direito. Possui mestrado e doutorado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (1978) e doutorado em Letras. Atualmente é professor aposentado da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Cleide Antonia Rapucci possui graduação em Letras Português/Inglês pela Universidade do Sagrado Coração, Bauru, Mestrado em Inglês (Master of Arts) pela Duquesne University, Pittsburgh, E.U.A. e Doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é Professor Assistente Doutor (nível 2) do Departamento de Letras Modernas da FCL- UNESP- Assis, onde leciona desde 1990. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Inglesa, atuando principalmente nos seguintes temas: Angela Carter, literatura inglesa, tradução literária, feminismo e personagem feminina.
Especificação: Intelectuais e imprensa: aspectos de uma complexa relação
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