Da clínica do desejo a sua escrita:
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Da clínica do desejo a sua escrita –
Há na psicanálise, desde sua origem, uma interrogação sobre o desejo: Lacan enuncia por diversas vezes que a pergunta Was will das weib? (o que deseja uma mulher?) teria acompanhado Freud ao longo de mais de trinta anos. Dessa interrogação surge – como a pergunta partilhada no final do século XIX entre Breuer e Freud diante da cama das histéricas – uma clínica que visava dar conta do sofrimento psíquico, aquele que não deixa encontrar no corpo orgânico uma causa cabal do mal que aflige o paciente. (…)
É da suposição de que as ideias, inclusive as psicanalíticas, viajam, deslocam-se, e são apropriadas de forma distinta em discursos diversos, que parte este trabalho. O desterrar-se das ideias em geral, e das ideias psicanalíticas em particular, não se limita a seu curso geográfico em torno ao globo; no caso da psicanálise, assistimos, ao longo do século vinte, a um deslocamento da clínica à etnografia, à sociologia, à literatura, ao teatro, ao cinema, ao mercado, numa palavra, da clínica à cultura. Mas, há que se perguntar: A questão fundadora da psicanálise – aquela que procura dar conta do desejo, e de dizer algo do sofrimento humano – a incômoda pergunta que surge como razão de ser da psicanálise, ao passar para o lado da cultura, manteve-se ou não a mesma? (…) Dito de outra forma, de clínica do indizível pela fala a artefato partilhável da cultura.
Especificação: Da clínica do desejo a sua escrita:
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