Combate de luz e trevas: Diderot, Sade e o século XVIII literário
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Combate de luz e trevas – Diderot, Sade e o século XVIII literário
As trevas se imiscuíam no Século das Luzes. O Marquês de Sade foi escritor-símbolo desse lado obscuro. Redescoberto no conturbadíssimo século XX, o provocador foi confundido com um filósofo pelo avesso, quando foi um pintor da fantasia humana – a mental e a corporal. Várias vezes encarcerado, Sade retrata o avesso do sentimentalismo do qual Rousseau foi o pensador e o romancista genial. Antissentimental, professa a frieza do libertino que, como sua fama demonstrou, não escamoteará a violência – as trevas. Casanova, veneziano que circulará e se envolverá com mulheres por Paris e pela Boêmia, perseguirá libertinagem mais leve: seu amoralismo com as mulheres favorece encontros comoventes, de tão erotizados.
Sade e Casanova foram outsiders, um tachado de perverso, o outro, de aventureiro. Diderot, fomentador cultural em Paris (editará a Enciclopédia) e amigo da intelectualidade prestigiada, manterá um lado obscuro na obra: textos votados a Espinoza (o filósofo maldito e excomungado) ou a um materialismo que prepara o cientificismo moderno (muitos surgidos só depois de sua morte). Tendo sido preso jovem, Diderot fará de tudo para nunca mais sê-lo: amigo até da imperatriz Catarina, da Rússia, bem como do acadêmico D’Alembert, usará de estratégia (inclusive satírica) para escrever o que pensa sem irritar o inimigo – o Estado absolutista cristão. A modernidade nascerá desse chiaroscuro francês.
Sobre o autor: André Luiz Barros da Silva é professor de Literatura da UNIFESP. Autor de Sensibilidade, coquetismo e libertinagem, investiga transformações culturais que levam à modernidade problemática em Diderot, Sade, Voltaire, Machado ou Pompéia. Traduziu Novelas trágicas, de Sade.
Especificação: Combate de luz e trevas: Diderot, Sade e o século XVIII literário
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