Cães da província:
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Cães da província –
Isolados ao sul do grande Império do Brasil, os moradores da Porto Alegre do século XIX viviam dias difíceis. A população andava desconfiada, pois os boatos corriam rapidamente: um açougueiro da cidade estaria usando carne humana para fazer saborosas linguiças. Enquanto as pessoas se ocupavam do caso que ficou conhecido como “os crimes da Rua do Arvoredo”, um homem se destacava na multidão de anônimos: José Joaquim de Campos Leão, autoproclamado Qorpo-Santo. Figura ímpar na cidade, com uma capacidade criativa e intelectual muito além de seu tempo, Qorpo-Santo escreveu sua obra completa, composta por dezessete peças de teatro, em pouco mais de quatro meses. Também foi comerciante, tipógrafo, professor, subdelegado e chegou a propor um novo sistema gráfico para a Língua Portuguesa. Gênio? Segundo seus contemporâneos, louco. Suas excentricidades – como entrar em casa pela janela do segundo andar e ter conversas fictícias com Napoleão III – levariam a esposa a pedir sua interdição por loucura. Em Cães da Província, publicado pela primeira vez em 1987, Luiz Antonio de Assis Brasil resgata a história de Qorpo-Santo e recompõe – com a habilidade que só um grande romancista é capaz – o que teria sido sua vida em meio à falsa aura de tranquilidade que pairava no ar da província, por trás da qual aconteciam crimes bárbaros e histórias regadas a sangue, horror e traição. Assim como Machado de Assis, o romancista levanta uma das mais delicadas discussões da humanidade: a tênue fronteira entre a sanidade e a loucura, e as injustiças que dela podem decorrer. Afinal, as peças de Qorpo-Santo demoraram mais de um século para serem finalmente valorizadas e encenadas.
Especificação: Cães da província:
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