Apetite das cidades, O [contos]:
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Apetite das cidades, O [contos] –
Uma cidade existe pelo que apresenta como cenário. É bela, dizem seus admiradores. Vigorosa, afirmam outros. Misteriosa, interessante, dura, cruel ou suave, acolhedora, convidando a prazeres. Conhecê-la, no entanto, exige sondagens infinitas, descer ao âmago das luzes, consultar trevas, decepções, alegrias, entusiasmos. Por isso, uma cidade não cabe num romance ou num documentário, festejando feitos e inaugurações. É preciso mais. Buscar detalhes, situações representativas, algo que diga respeito a pessoas nas suas individualidades especiais. Se eu observo que pertenço a uma cidade, dou como subentendido que ignoro a multiplicidade de outras nas quais também me reconheço. Esta constitui uma função das pequenas narrativas, as que se esmeram na profundidade das questões e namoram com o infinito de todas elas.
Também cabe dizer que uma cidade, qualquer que seja, tem seus apetites, sedenta de fatos, contextos, tensões nervosas e pacificação de seus conflitos. Trata-se de uma vocação que não se realiza de maneira gratuita ou artificialmente planejada. Prefeitos, os mais ativos, não dão conta de solucionar seus problemas tentaculares numa ou duas gestões. São necessárias décadas, talvez mais, muito mais, para, enfim, reconhecer o que verdadeiramente guardam. E por isso, têm lugar as pequenas narrativas, os contos que, sendo o que são, dizem respeito a detalhes, traços pessoais e definições de personalidade. O Apetite das cidades navega neste tipo de frequência. O das pequenas grandes coisas. Do que somos, queremos ser e nunca, efetivamente, jamais seremos. Uma declaração de princípios? Talvez. Quem sabe, pensando melhor, o das páginas literárias, para ler e pensar.
Especificação: Apetite das cidades, O [contos]:
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