A modernização autoritária do jornalismo no Brasil (1950-2020):
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A modernização autoritária do jornalismo no Brasil (1950-2020) –
Em 2016, a democracia brasileira foi atingida por um cataclisma e, nos anos seguintes, as coisas se tornaram ainda piores. Ao impeachment de Dilma Rousse — feito às pressas e ao arrepio das normas constitucionais — seguiram-se a condenação, em 2017 e prisão, em 2018, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como resultado de um processo judicial viciado e politicamente motivado e a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do país. Longe de prezar pela saúde das instituições políticas, a grande imprensa ajudou a fomentar a desconfiança em relação a elas, com o objetivo de desestabilizar os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2018, Bolsonaro soube tirar vantagem de um cenário de crise de legitimidade das instituições e se elegeu como “salvador da pátria”. Por que isso aconteceu?
A literatura acadêmica oferece poucas pistas para lidar com esse problema. Em sua maior parte, o debate internacional sobre o tema toma como dado o compromisso da imprensa com a democracia. Ela representa os interesses dos cidadãos comuns contra os abusos do Estado e dos poderosos e ponto. Os estudos que abordam o desenvolvimento do jornalismo no Brasil também são de pouca ajuda. Como regra geral, eles descrevem processos virtuosos de profissionalização, aperfeiçoamentos técnicos e um progressivo compromisso com valores e práticas democráticas.
Esse livro propõe uma chave de análise diferente para o fenômeno: ele sustenta que a modernização do jornalismo brasileiro a partir da década de 1950 seguiu uma lógica fundamentalmente autoritária. Isso aconteceu porque, em uma sociedade que se insere de maneira periférica na ordem global, como a brasileira, a modernidade é percebida como algo que “vem de fora”. Nessa perspectiva, tornar-se moderno implica em um esforço extraordinário para superar um “atraso” percebido em relação a sociedades mais “avançadas”. Essa noção se tornou dominante no jornalismo brasileiro a partir de meados do século passado. Para se modernizar, o jornalismo precisaria de reformas e essas teriam que ser feitas de cima para baixo, de maneira autoritária. O livro sustenta que a normalização da cultura autoritária como ethos profissional teve um profundo e duradouro impacto sobre o jornalismo brasileiro e que ela é incompatível com vocação liberal que o senso comum atribui a ele.
Especificação: A modernização autoritária do jornalismo no Brasil (1950-2020):
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