A criação do Centro Cultural São Paulo (1975 – 1985):
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A criação do Centro Cultural São Paulo (1975 – 1985) –
A criação do Centro Cultural São Paulo (CCSP), de Francis Manzoni
Em um livro conciso e claro, Francis Manzoni narra com precisão a história de uma das mais importantes instituições culturais do Brasil contemporâneo. Ele reconstrói as interações dos agentes políticos, administrativos e artísticos, as correntes de ideias e as controvérsias que atravessaram e presidiram a criação e os primeiros anos do Centro Cultural de São Paulo, o CCSP.
Este livro também propõe uma história mais ambiciosa. Ele mostra que, do projeto à criação, esse centro cultural não é apenas uma inovação arquitetônica e cultural, mas está enraizado nos profundos movimentos da política brasileira nos anos 1970 e 1980, e procura encarnar um novo impulso, um Brasil moderno capaz de competir com as outras grandes nações.
Daí a referência ao Centro Beaubourg, em Paris, que também encarnou uma nova concepção de cultura e moderni – dade na França, em um contexto político bem diferente. Como às vezes acontece, a cultura, através dessa nova instalação, foi encarregada de apesentar uma nova visão do país em relação à evolução do mundo.
A força deste projeto, com sua beleza e suas qualidades funcionais, como mostra brilhantemente Francis Manzoni, reside em apresentar uma visão do Brasil adaptada ao retorno à democracia, alguns anos mais tarde.
Philippe Urfalino
Diretor de pesquisa no Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS) e
Diretor de pesquisas na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS)
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Este livro de Francis Manzoni apresenta o Centro Cultural São Paulo, quatro décadas após a inauguração, sendo o espaço mais movimentado do Brasil, por jovens de todas as regiões da cidade.
Mas este equipamento ainda leva outros títulos como o mais amplo com seus quase 50 mil metros quadrados e um dos pioneiros a ter programa multidisciplinar de artes. Francis Manzoni ainda não tinha nascido quando foi pensado o projeto original, a Biblioteca Metropolitana, depois um centro que abrigava livros, teatro, música, cinema, dança, artes visuais e algumas novas modalidades que só foram ter uma prática efetiva décadas depois.
Para fazer este livro realizou uma profunda pesquisa que buscou informações do CCSP antes da inauguração, da Biblioteca até as danças urbanas e a leitura em braile. Traçou também um importante paralelo do que foi a política cultural, principalmente aspectos de duas gestões municipais das mais profícuas conduzidas respectivamente por Sabato Magaldi e Mario Chamie, só ultrapassadas três décadas depois pela de Carlos Augusto Calil, e a política de uma forma ampla da cidade e do país.
A criação do Centro Cultural São Paulo é um livro que percorre dez anos, da preparação do projeto até os primeiros anos de funcionamento deste conjunto. Foi um período muito difícil da vida artística brasileira, em plena ditadura quando as artes foram muito atingidas, não como o que acontece hoje em dia, mas teve um entorno muito violento, pois foi palco de muitas prisões, torturas, exílio e assassi natos, praticados pelo Estado brasileiro. Manzoni levantou o que aconteceu naquela década.
O Centro Cultural pelos espaços abertos sem paredes permitiu um ambiente de liberdade que levava muito à experimentação. Eu mesmo, que fui o diretor que acompanhou a segunda metade da obra, a ocupação dos espaços e o primeiro ano de programação, me sentia muito à vontade para fazer exposições com pinturas populares em novos suportes; peças botânicas como os desenhos científicos e as esculturas educativas; ou então cronologias da arte usando fotografias, ilustrações, textos e obras de arte reais; dessacralização da arte; outras formas de apresentações, não corriqueiras; e porque não dança e teatro que se misturavam ocupando diferentes espaços (foyer e teatro de arena) com o público acompanhando a pé; ou então um levantamento da época da música instrumental brasileira, desde o rigoroso e criativo Pau Brasil ao Segurando o Breque; e por aí foi.
Mas a maior novidade foi o que o próprio público criou, o público jovem, estudantil, da região, mas também de outras regiões da cidade, que foram ao Centro Cultural para estudar, encontrar os amigos, dançar; outros, um pouco mais velhos, usaram a biblioteca realmente para leitura e pesquisa, visitaram exposições para conhecimento das artes visuais e história, assistiram conferências e debates, festivais de cinema e peças de teatro. Muito importante este livro que analisa a formação do mais interessante e importante equipamento cultural da cidade, o primeiro e dos poucos que atravessaram transversalmente a arte e a cultura. Francis Manzoni dá uma grande contribuição e em profundidade e precisão de uma história recente.
Ricardo Ohtake
SOBRE O AUTOR: Francis Manzoni é pós-graduado em edição de livros, mestre em história pela Unesp e doutor em história pela mesma área na PUC-SP, com passagem pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, na França. Atuou como consultor da área de literatura do Sesc São Paulo e, atualmente, é coordenador editorial nas Edições Sesc. É autor do livro Mercados e feiras livres em São Paulo: 1867 – 1933 (Sesc, 2019).
Especificação: A criação do Centro Cultural São Paulo (1975 – 1985):
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