A casa do pai:
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A casa do pai –
Karmele Jaio oferece em “A casa do pai” um romance profundo e bem construído, ambientado no País Basco, que convida a reflexões necessárias.
Por meio de capítulos curtos e prosa fluida, alternam-se vozes narrativas focalizadas em três personagens: Ismael, escritor em plena crise criativa diante da produção de seu novo e aguardado romance; Jasone, a esposa, leitora crítica e revisora dos livros dele, que vive uma intensa e silenciosa revolução pessoal após as filhas se
tornarem adultas; e Libe, irmã mais velha de Ismael, amiga de infância de Jasone e referência da vida inteira para ambos. O que os une, para além das memórias compartilhadas da juventude, é o desejo de desconstruir padrões de gênero, de investigar a matéria sobre a qual essas construções se erigem, de resgatar na casa
paterna, na figura rude e agora fragilizada do pai envelhecido, o ponto de mutação que os levou a traumas, bloqueios e desencontros. Sobretudo para Ismael, esse exame do passado e das minúcias do comportamento de seu pai será decisivo para seu processo de escrita.
Jaio consegue abordar temas delicados, como masculinidade tóxica, mesclando tensão e ironia, sem maniqueísmos ou simplificações, e revelar como a dinâmica da opressão de gênero não depende apenas de agressões físicas para se impor, mas se infiltra com sutileza em todas as relações.
Nas palavras da autora: “Em ‘A casa do pai’ tentei mostrar o sótão das personagens, seus sonhos escondidos e, sobretudo, suas palavras não ditas. Essas palavras-chave, que só aparecem quando baixa a maré, quando as pedras escondidas sob a água se tornam visíveis”.
Em 2020, “A casa do pai” recebeu o Prêmio Euskadi de Literatura, o maior da literatura basca.
QUEM É KARMELE JAIO?
Karmele Jaio Eiguren (Vitoria-Gasteiz, 1970) é autora de três livros de contos, três romances e um volume de poesia. “Amaren eskuak” [As mãos de minha mãe], seu
primeiro romance de 2006, ganhou inúmeros prêmios, tornou-se um dos livros mais lidos da literatura basca e, em 2018, foi adaptado para o cinema e apresentado no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián; a tradução para o inglês recebeu o English Pen Award. As histórias de Karmele também foram levadas ao teatro e selecionadas para, entre outras, as antologias “Best European Fiction 2017” (Dalkey Archive Press) e “The Penguin Book of Spanish Short Stories” (Penguin Classics).
POR QUE LER ESTE LIVRO?
• Karmele Jaio se dedica a mostrar como a construção dos papéis de gênero, sobretudo o masculino, pode tornar conflituosa a convivência nas relações sociais e familiares e como transformar esses padrões arcaicos exige não só um exame da conduta individual como um profundo abalo nas estruturas patriarcais.
• Numa história ágil e envolvente, narrada sob o ponto de vista de três personagens da mesma família, observamos como a passagem do tempo cria laços amorosos
duradouros, mas pode provocar rupturas dolorosas. Por isso, “A casa do pai” também é um belo livro sobre relações familiares e seus desafios.
• Os personagens, multifacetados e muito bem construídos, permitem muita identificação com os leitores. É fácil reconhecer neles nossas próprias lutas internas e dilemas.
• É interessante perceber como a tensão do contexto social do País do Basco se manifesta no comportamento das personagens.
Especificação: A casa do pai:
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