Ensaios de teatro e filosofia: Do Renascimento ao século XVIII
Esses Ensaios de teatro e filosofia têm como fio condutor a filosofia de Diderot e Rousseau, em paralelo com o teatro forjado pela Contrarreforma. A autora faz uma leitura a contrapelo da tendência desconstrucionista, que passa ao leitor contemporâneo a falsa impressão de que Diderot tenha defendido a metafísica da presença, contra a representação. Rousseau trabalha na confluência de teoria da linguagem, moral, política e teatro. No âmbito ibérico, vemos as consequências políticas do entrecruzamento da comédia e da tragédia praticado pelo dramaturgo luso-brasileiro António José da Silva, o Judeu. Retrocedendo ao século XVII, o cartesianismo encontra terreno fértil nas tragédias de Corneille e o teatro do Século de Ouro é atravessado pelo jusnaturalismo defendido por Grotius. Na commedia dell’arte, o desbragamento é compatível com o dogma da Queda como apanágio do humano e com o excesso de dispêndio, próprio da sociedade de corte. Shakespeare assume o hermetismo concebido em Florença no Quatrocentos para caracterizar a personagem Ofélia como regida pelo elemento água; a própria catástrofe de Hamlet está associada a seu temperamento melancólico.