Composições do instante: Processos de composição e improvisação em dança contemporânea na cidade de São Paulo
O presente trabalho tem como território de pesquisa a trajetória e produção artística da Cia Damas em Trânsito e os Bucaneiros (CDTB) (2006- ), grupo de dança contemporânea paulistano. Compreende-se esta investigação em sua incursão no percurso do grupo e nos entrelaçamentos na experiência artística da pesquisadora, que o integra desde a fundação, pela abordagem autoetnográfica amparada em Fortin (2009), e pela poética mobilizada por Louppe (2012). Evidencia-se nesse trajeto o agir composicional da CDTB, síntese do conjunto de suas práticas e fazeres, levando-se em conta seus processos de criação em dança, nos quais a improvisação é tanto procedimento de criação quanto modo de composição no aqui-agora da cena. Busca-se ainda, nesta discussão, levantar questões e propor diálogos sobre a dança contemporânea, a improvisação, o Contato Improvisação, as corporeidades cênicas, os processos de criação coletivos e colaborativos e a dança em espaços urbanos. Considera-se o corpo-sujeito de sua dança, seus discursos e história, como aponta Lilian Vilela (2010), e compreende-se neste percurso uma narrativa singular. Neste recorte conciliamos a leitura dos processos e das obras realizados pelo grupo, traçando paralelos com a dança situada, com os fundamentos do Contato Improvisação e com as práticas somáticas (alicerces das suas pesquisas corporais), assim como com os procedimentos e pesquisas de artistas improvisadores que foram referências para o grupo no cenário artístico da dança contemporânea brasileira. Ademais, a investigação e a criação da CDTB nos espaços urbanos alavancam reflexões sobre a arte e a cidade, arte relacional e contextual, e reverberações com discussões que regem os regimes espaciais e cinéticos nas cidades segundo questões e conceitos de Milton Santos (2014) e André Lepecki (2012).