“Eu também fui torturado”: feridas abertas da ditadura militar brasileira
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“Eu também fui torturado” – feridas abertas da ditadura militar brasileira
Este livro apresenta um panorama do que foi a resistência aos militares e as consequências dessa luta. Por meio da técnica da História Oral, foi realizada uma série de entrevistas, assim como outras, empreendidas por diferentes pesquisadores, coletando memórias de quem atuava na frente de batalha pela democracia, de seus familiares e de pessoas que tiveram envolvimento com esses indivíduos. A partir daí, foi possível identificar enfrentamento, sofrimento e resistência. Os relatos trouxeram à tona, de forma tocante e emocionante, o modus operandi do Estado brasileiro, com sequestros, prisões ilegais e tortura de opositores políticos. É quase possível vivenciar o espaço sufocante da cela, sentir os golpes, a fome, a sede e a dor, escutar a voz dos presos sussurrando em nossos ouvidos. Para que este livro fosse possível, foi necessário, ainda, conhecer e reconhecer a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no século XX, equilibrando-se entre a legalidade e a proibição, e sobre os governos ditatoriais que surgiram em 1964, consultando mais de 80 trabalhos acadêmicos e artigos de jornais e revistas, assim como o estudo de documentação oficial produzida durante os 21 anos da ditadura. A Operação Barriga Verde (OBV), central neste trabalho, foi a mais importante ação militar contra a oposição aos militares em Santa Catarina e, como é possível concluir, teve como propósito a aniquilação do Partidão, como era conhecido o PCB, no estado. Ao todo, foram colhidos e utilizados cerca de 30 depoimentos de, pelo menos, 21 pessoas envolvidas, assim como o documento ajuizado pelos presos para a denúncia das ilegalidades ocorridas no decorrer da operação. Num país em que o presidente é saudoso da ditadura, em que candidatos a cargos políticos se declaram abertamente nazistas, e em que grupelhos antidemocráticos ameaçam uma vereadora preta eleita, para que a cultura política sofra mudanças é preciso acertar a conta com o nosso passado batendo de frente com a memória oficial, reavivando os feitos dos que resistiram. Do contrário, continuaremos a ver fascistas pelas ruas com o respaldo histórico do Estado brasileiro.
Especificação: “Eu também fui torturado”: feridas abertas da ditadura militar brasileira
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