A cidadela:
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A cidadela –
“Como um exímio leitor de Borges, o escritor mineiro (que é também arquiteto) cria um universo ficcional valendo-se das potencialidades de uma imaginação que não prescinde da engenhosidade da linguagem. Dados toponímicos, referências históricas e datas precisas – que garantem a plausibilidade dos fatos – misturam-se a relatos oníricos e aos desvios delirantes da razão de quem vive e narra os acontecimentos.
O enredo é simples e complexo ao mesmo tempo: nos arquivos do Ministério de Defesa francês, um historiador franco-argelino encontra, em 1979, um relato atribuído a seu pai – um tenente participante de uma expedição militar enviada à Argélia, em 1961 – sobre uma prodigiosa fortaleza na área ocidental do deserto do Saara. Nessa edificação, ele e o coronel, seu comandante, ingressaram quando buscavam os oficiais desaparecidos numa primeira missão à região, dias antes. Trata-se de uma cidadela com peculiaridades insólitas, já que os limites de suas muralhas abrigavam uma espécie de labirinto no qual os personagens passaram a vivenciar estranhos acontecimentos, que acabaram por levar o coronel a um estado irreversível de insanidade.
Sonhos, sobressaltos e assombros do tenente, conjugados às especulações feitas por ele sobre os desvios delirantes de seu companheiro de missão, conferem à história uma atmosfera intrigante, capaz de desestabilizar as certezas de quem a lê.
Assim como a cidadela que lhe serve de tema e cenário, a própria narrativa se dá a ver como um conjunto de caminhos que se bifurcam, sem necessariamente perder sua coerência, sua coesão.
Ao final, o leitor perplexo fica sem saber ao certo se a história foi uma experiência de fato vivida ou se apenas um sonho ou delírio do narrador.”
Maria Esther Maciel
Especificação: A cidadela:
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