São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem
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São Paulo cidade global – fundamentos financeiros de uma miragem
Na marginal do Rio Pinheiros pode se observar uma nova e reluzente fachada globalizada de São Paulo: arranha-céus, shoppings, hotéis, casas de espetáculo, empreendimentos multiuso, condomínios verticais de altíssimo padrão. Uma nova paisagem que deve pouco ao skyline de outras cidades na rota dos negócios internacionais.Em São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem, a urbanista Mariana Fix ajuda a compreender como surgiu esta ‘nova São Paulo’: as conexões entre capital imobiliário e financeiro; as parcerias público-privadas e as novas formas de exclusão social deste modelo.Aqui, como em outras grandes cidades do mundo, os novos circuitos do capital financeiro estimularam o boom imobiliário, transformando edifícios em empreendimentos com títulos mobiliários, atraentes para investidores do mercado financeiro. Exigi-se da cidade uma rentabilidade similar a de títulos e ações, submetendo-a à lógica do capital financeiro.Em São Paulo, contudo, as conexões entre o mercado imobiliário e o setor financeiro deram-se de modo diferente do que nos EUA e Europa. Sem que o mercado imobiliário paulistano tenha de fato se internacionalizado, a construção da face global da cidade foi sustentada principalmente por grandes investidores brasileiros, como os fundos de pensão, a maioria deles ligados à empresas estatais. Parcerias público-privadas garantem o reforço de caixa para os negócios imobiliários, com um fluxo permanente de recursos públicos para o setor privado e a concentração dos poucos investimentos disponíveis para infraestrutura urbana na região da Faria Lima-Berrini. O Estado é mobilizado para transformar a cidade numa verdadeira ‘máquina de crescimento’ para poucos, especializada em direcionar recursos públicos para alavancar negócios privados.É na crise do setor que se pode ver como a produção da cidade dita global pode levar à construção de verdadeiras edificações fantasmas. Milhares de metros quadrados construídos e simplesmente desocupados. Enquanto isso, o processo que dá origem a essa nova cidade exige que pobres e favelas sejam removidos para aumentar os lucros com os empreendimentos imobiliários. Ao lado de prédios vazios, populações inteiras são desalojadas para as periferias, na condição de novos sem-teto, moradores em situações ainda mais precárias e desumanas.São Paulo cidade global recebeu o prêmio de melhor dissertação brasileira em urbanismo da Associação Nacional de Planejamento Urbano e Regional (Anpur). O livro dá continuidade ao trabalho iniciado pela autora em Parceiros da exclusão (Boitempo, 2001), onde Mariana analisou como foi a atuação pública e privada na produção desse novo eixo de negócios na cidade, e suas consequências sociais, como a expulsão de moradores das favelas da região do eixo da Faria Lima-Berrini para áreas de mananciais pelo próprio poder público.
Especificação: São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem
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