O diabo em forma de gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação
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O diabo em forma de gente – (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação
O Diabo em Forma de Gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação é uma pesquisa de doutorado, e como nome informa, se concentra no espaço escolar, um lugar caracterizado pelo controle de corpos e pela produção de subjetividades e se orienta a partir de duas formas de segregação e preconceito, o racismo e a homofobia. Embora a pesquisa adote um tom de denúncia, reconhecendo que o dispositivo de sexualidade e o dispositivo de racialidade operam sobre as experiências de homossexuais masculinos negros, que passam inclusive por um processo de demonização, o interesse da autora foi destacar as estratégias de enfrentamento desenvolvidas por 4 docentes negros que expressam orientação sexual discordante da norma heterossexual. A pesquisa constatou que as resistências desenvolvidas são múltiplas e emergem, na maioria das vezes, dos discursos racistas e homofóbicos. Assim, as categorias gays afeminado, viado, bicha e preta são ressignificadas pelos próprios sujeitos aos quais elas se referem, e se materializam como possibilidades concretas de enfrentamento. Para fazer esse debate a autora, Megg Rayara Gomes de Oliveira, se utilizou do método auto-biográfico desenvolvido pelo professor doutor Marcio Cawetano e adotou uma postura interseccional para mostrar que são múltiplos os marcadores que operam para interditar socialmente uma pessoa. O texto aqui apresentado é um exercício de pesquisa caracterizado pelo revezamento entre várias áreas do conhecimento e contribui de forma bastante potente para a pesquisa acadêmica e também para a construção de uma sociedade menos normalizadora. Embora a escola seja apresentada como um espaço de controle sobre os corpos, especialmente aqueles que escapam às normas de raça e de gênero considerado hegemônicos, ela também pode apresentar áreas de escape e assim evitar que o controle se efetive da forma pretendida. A pesquisa, escrita em primeira pessoa por uma travesti preta, moradora da cidade de Curitiba, mostra que os mecanismos de controle que conduzem pessoas negras, gays afeminados, viados e bichas ao abandono do sistema educacional não são eficazes em sua totalidade e muitos corpos escapam e a formação acadêmica se revela como uma estratégia de enfrentamento bastante poderosa. O Diabo em forma de gente construído pelos discursos normatizadores e normalizadores é assumido por quem antes era a vítima dele. O Diabo materializado na figura do gay afeminado, do viado e da bicha preta coloca em debate as múltiplas possibilidades de (r)existências que questionam os dispositivos de poder que queriam destruí-lo. O racismo e a homofobia se interseccionam e continuam operando sobre as existências de gays afeminados, viados e bichas pretas como dispositivos de poder. Mas, como propõe Michel Foucault (1986 – 1984), onde há poder há resistências. Há existências.
Especificação: O diabo em forma de gente: (r)existências de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação
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