Amor e ódio: a ambivalência da mãe
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Amor e ódio – a ambivalência da mãe
O amor materno, o “verdadeiro”, é o mito de um amor pacificado, não ambivalente, inteiramente devotado ao objeto. A criança submersa num processo de sobrevivência pode, num sintoma, pedir clemência e salvar assim seu desejo. Tais são as devastações do amor materno. A mãe não ambivalente, não cheia de ódio, pode sonhar com um filho que não precisaria de mais nada, confundindo assim a necessidade e desejo: um filho então suprido que, em troca, pode desejar apenas suprir as esperanças da mãe, sendo a primeira esperança talvez a de ser suprido por ela. O que falha então é uma “suspensão” de mãe, não um silêncio materno. Tendo o tempo feliz mãe-filho sido tomado pela vida de par, a questão do pai se introduz: não se trata nela de clivar a mulher da mãe e do filho, mas de separar o par mãe-filho. A clivagem corta e desconecta. A separação autoriza a isso, já que ela contém, na nascente, a possibilidade dos reencontros, o que a torna possível, desejável e necessariamente vital. Fazer de seu filho um objeto real no fantasma materno é, ao lado do amor narcísico primário que tem sua origem na coesão e na segurança e que torna a criança um revelador da perda interior necessária, estabelecer uma relação, um amor fundado no Gozo, amor que visa finalmente dominar aquilo de que a mãe é objeto submetido. Em troca, a criança, fazendo eco, cativa o gozo da mãe, parece estar por sua vez submetida a um gozo insubjetivável e se cala, isto é, deixa de chamar o Outro dos cuidados maternos. A criança dita “mártir” poderia ser, segundo esta hipótese, aquela que está submetida, que se constituiu como objeto da destruição deste Outro do gozo.
Especificação: Amor e ódio: a ambivalência da mãe
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